quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Solidão.

A solidão que me constrange
Não é a solidão do abandonado,
Pois esta me seria mais confortável.
Afinal não a escolhe o individuo.

A solidão que me constrange
É aquela criada por mim
Onde o outro é objeto indesejável,
Mesmo que amado.

Tal solidão é amarga
Fria e constantemente criada
Como cerca ao redor do que se teme.

Viver em comunhão apavora
Tolhe, machuca, pois são dois
E não apenas um a sofrer.


Arthus Nunes

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Marginal

Ser poeta marginal é estar à margem,
à margem do verso, à margem da forma
Utilizando tudo o que transforma
Para a criação de uma margem.

Na margem, onde não há redondilhas
Maiores ou menores.
Onde alexandrinos, são pessoas com nome engraçado.
Onde os sonetos se tornam obsoletos e incapazes
De representar tudo o que se sente.

Disseram-me uma vez que o marginal,
Sem ser poeta, seria a praga de uma sociedade.
Pois afirmo que o poeta, sem algo de marginal
É tolo e esse sim uma praga.

VIVA MIRÓ, FERNANDO CHILE, FRANÇA, CHICO!
Todos que marginalizaram o verso e constrangeram o perverso.


Arthus Nunes

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Autoria

Ser autor não é declamar.
Ser autor não é publicar.
É sentir, transpirar, labutar.
É conseguir transcrever angustias.

Angustias jamais sentidas,
Ou sentidas por todos, porem mal faladas.
Angustias secretas, abertas, dilaceradas.
Anunciar o indizível poético da dor.

Apesar de bêbado, torpe, irracional
Conseguir burlar o bloqueio social
Simplesmente escrever sem ter o “quem ou “onde”.

Assim sinto-me vivo, autor.
Talvez não da vida, mas de algo maior,
À deriva de um amor puro, insano e triste.


Arthus Nunes