quinta-feira, 17 de março de 2011

Escolho meus amigos pela pupila

(Oscar Wilde)

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


Oscar Wilde

sexta-feira, 4 de março de 2011

Dos Lados (Parte 3)

Deixei de lado o preconceito e falei, rimando ou não, fui o que sou sempre, imperfeito. Repetindo sempre ou deixando de lado o refrão. Assim vi vários lados. Poeta, amigo, pai , irmão. E não quis restringir a prêmios dados o valor de cada um. Voltar a ser é sempre bom...


Arthus Nunes

Dos Lados (Parte 2)

Por não saber o que falar mostrei os lados.
Por não ter o que mostrar falei de mim.
Por não ter o que falar fiquei calado.
E mudo, vi tudo claro enfim.

Saber onde se estar é coisa rara.
Saber e não se estar coisa ruim.
Entender o que se quer é necessário.
Para se viver pleno assim.

De pleno a poeta fui num instante
sem nem mesmo precisar entender
Estar com quem se ama foi bastante
Para me reensinar a escrever.


Arthus Nunes

Dos Lados (Parte 1)

Longe de tudo, longe de nada.
Perto de tudo , perto de mim.
Fora de tudo, dentro de mim.
O que importa tudo quando se tem nada!?

Vencedor de nada, esquecido de tudo.
Lutando contra o vento, aflito, moribundo.
Voando baixo em abismo profundo.
Não se conta vitórias lembrando de nada.

Sabendo pousar aprende-se tudo.
Sabendo-se tudo aprende-se nada.
O não saber é um escuro submundo.
E o Tudo um belo nada.

Arthus Nunes